Neste trabalho, o foco radica na análise das políticas linguísticas e da situação sociolinguística e sociocultural de Moçambique decorrente da confluência de várias línguas e culturas para compreender os processos de nativização/ nacionalização da língua portuguesa no país. Ao longo do trabalho usou-se, com regularidade, o termo nacionalização tendo em vista evidenciar os processos subjacentes à apropriação do Português em Moçambique, perspectivando o pressuposto político-ideológico de ser uma língua oficial e de unidade nacional, língua de Estado e da nacionalidade moçambicana. O interesse em pesquisar a temática prende-se com as ambivalências das bases epistemológicas da política linguística do país que preconizou a oficialização do Português sem o nacionalizar e nacionalizou as línguas bantu, também designadas línguas autóctones, e que o discurso oficial as tipifica como línguas nacionais, não obstante estarem fragmentadas geograficamente, ou seja, sem extensão territorial nacional, sem as oficializar. Desta feita, pode-se concluir que a actual situação linguística de Moçambique vulgariza a política linguística que preconizou a norma europeia como padrão no país, tendo em consideração que a legislação determina um modelo de falar e os usos da língua outro modelo, consagrando-se aqui um processo dicotómico entre o ideal perfeito assente na norma como referência inclusiva e não “exclusiva” e o real perfeito assente nas normas comuns do quotidiano.
Intercâmbio Ilídio Macaringue Ano I – N. 1 – Setembro 2014 (2014-09)